Diniz e Fluminense: reencontro discreto nas arquibancadas, mas cheio de emoção nos bastidores

Em uma noite chuvosa no Rio de Janeiro, 18.301 torcedores compareceram ao Maracanã, pouco mais de um terço da capacidade do estádio. Esse público reduzido ajudou a suavizar o peso do reencontro entre Fernando Diniz e a torcida do Fluminense, que havia aclamado o treinador em outros tempos, mas perdeu a paciência com ele no final de sua passagem, ainda este ano.

No entanto, o jogo em si refletiu características já conhecidas do estilo de Diniz, agora à frente do Cruzeiro. A equipe mineira apresentou o toque de bola típico do técnico, que levou o time ao ataque com boas chances, especialmente no primeiro tempo. Mas, como é comum no esquema de Diniz, erros na saída de bola também apareceram. Em um desses vacilos, Ganso quase marcou ao interceptar um passe errado de Villalba, em uma jogada que assustou os cruzeirenses.

Diniz, por sua vez, mostrou suas reações características à beira do campo: mãos na cintura, na cabeça, pressionando os olhos e o pescoço, evidenciando a frustração. Apesar do esforço ofensivo, o Cruzeiro não conseguiu balançar as redes e, para piorar, acabou sofrendo um gol no segundo tempo. John Arias foi letal ao aproveitar um erro defensivo “inocente”, como o próprio Diniz descreveu.

A resposta veio com uma substituição já familiar aos torcedores do Fluminense: Diniz tirou um zagueiro para colocar um volante na posição, buscando lançar o time ao ataque, como fazia ao trocar André ou Martinelli. Desta vez, Walace foi o escolhido. Porém, o plano não funcionou. Mesmo com a pressão, o Cruzeiro esbarrou em Fábio, goleiro do Fluminense, que, aos 44 anos, continua demonstrando um nível altíssimo de desempenho – ironicamente, o próprio Diniz foi quem o colocou na posição atual durante sua passagem pelo Flu.

“Agora eles vão passar o que a gente passou por dois anos”, comentou um torcedor tricolor ao sair do estádio, em referência ao estilo intenso e arriscado de Diniz.

No fim, o Cruzeiro saiu derrotado, e Diniz, ainda sem vencer em seu novo comando, foi o último a deixar o Maracanã. Apesar da frustração com o resultado, ele conversou com repórteres, tirou fotos com parentes dos jogadores e não deixou de abraçar e beijar Ganso e sua família, demonstrando o carinho pelo ex-companheiro de clube.

“É normal, por tudo o que aconteceu e tudo o que a gente conquistou. É um carinho e uma gratidão recíproca. Foi muito bom rever as pessoas. Obviamente queria sair com o resultado positivo, mas estou do lado azul agora e feliz por vestir a camisa do Cruzeiro para a sequência da minha carreira”, disse Diniz em sua coletiva após o jogo.

Enquanto isso, o Fluminense teve um reencontro positivo com seu ex-treinador. A vitória não apenas afastou o time da zona de rebaixamento, mas também transferiu a pressão para os concorrentes diretos, marcando um novo capítulo na trajetória de ambos os lados.

Nos bastidores, o reencontro foi caloroso. Diniz, que evitou grandes gestos em direção às arquibancadas ou à famosa “turma da mureta”, foi simpático, atendendo aos pedidos de fotos e interações de maneira tranquila. No entanto, foi entre os jogadores e funcionários do clube onde o carinho ficou mais evidente. A fila de abraços e cumprimentos dos atletas do Fluminense mostrou o quanto o técnico ainda é querido dentro do elenco, apesar do distanciamento com a torcida.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *